Das decisões

Obrigada a todas pelas vossas palavras. Normalmente não partilho este tipo de energia com ninguém, prefiro transparecer só os meus 'melhores momentos', e deixo de escrever quando estou numa fase complicada. Desta vez decidi aceitar o que sentia e escrever, por mais "parvo" que fosse parecer, ou por mais desconfortável que fosse para mim ou para quem me costuma ler. Sou humana e estes momentos também fazem parte de mim.

Foi um pedaço humano de mim que deixei ali no post de baixo.

Querer mandar tudo para trás das costas, desistir ou achar que nunca lá vou chegar, faz parte de um processo por si só complexo e que se calhar muitas de vocês conhecem. Tomar uma decisão é simples, tanto que tomamos centenas delas por dia, incosciente e conscientemente. Mas assumir perante nós mesmos uma mudança drástica em termos comportamentais é algo que só acontece uma vez na vida, tanto que já estive num peso saudável e voltei a engordar, ou seja, por mais que me tivesse convencido a mim mesma que na altura tinha realmente feito o 'clique', isso não aconteceu. Foi um processo interrompido, no qual me perdi no meio de pressões e projecções sobre o futuro, sobre como eu tinha de ser daqui a 2 meses, ou quando chegasse ao peso X e Y, sem nunca parar para me olhar ao espelho e ver que estava saudável, que tinha conseguido, que naquele dia eu estava no meu melhor.

Nunca estava no meu melhor, o meu melhor era sempre daí a 2 meses. Não me aceitei e pressionei-me de tal forma que agora (ainda) acho que só à pressão é que lá se chega, sem ver a realidade que a auto-pressão e perfeccionismo é o que muitas vezes nos faz desistir quando há uma falha minúscula. Perdido por 100, perdido por mil. E o pior é que andei a enganar-me e a pregar durante imensos posts, que acreditava no "agora", que a meditação era o mais importante para aperfeiçoar tudo isso, que não ia perder-me no passado ou futuro, nem deixar-me vencer quando a minha rotina fosse abanada.Quando na verdade, parei de meditar, comecei a pesar-me todos os dias novamente, comecei a projectar metas irreais e a esquecer-me de mim, neste momento. A euforia, o trabalho e a minha mente cheia distrairam-me bem do que mais importava.

Há algo que felizmente ainda não perdi completamente e isso é o respeito que tenho pelos meus ideais, a regra de ouro que tenho é "não me pisar nem por nada nem por ninguém" e acho que aí nesse "ninguém" devo incluir a partir de agora, eu mesma. Há uma decisão que tenho cumprido bem, que é a de não comer carne. Não me custa porque simplesmente não me deixo matutar sobre isso, é o que é e ponto final. Se numa mesa de família só tiverem feito arroz, salada e bifes grelhados, por mais que me digam que é uma receita especial e que é muito importante para eles que eu experimente, eu sei (tal como sei que o branco não é negro e vice versa) que vou comer arroz com salada sem pestanejar. E sei que isso não me vai custar nada, porque eu não vou sequer perder tempo a pensar duas e três vezes. A decisão já foi tomada e sigo com a minha vida tranquilamente no que respeita a isso.

Analisei-me em relação a esse aspecto, porque acho que é um bom exemplo de que eu consigo assumir uma decisão perfeitamente e que não nasci para falhar continuamente, nasci para aprender. Sei que isto é simplesmente um ciclo vicioso e que eventualmente hei de perceber que a chave para sair está debaixo do meu nariz. Tal como não comer carne, eu posso perfeitamente comer de forma saudável, equilibrada, sem compulsão, sem extremos, tal como não fumo e não bebo café, nem bebo alcool diariamente, por mais que tenha um mini bar em casa para quando há visitas. Tenho de associar este tipo de comportamento à comida, é a única maneira.

E talvez só consiga resultados mais consistentes quando efectivamente parar de matutar tanto sobre o assunto e de que o verão vem aí e de que queria ter 70ou 60kg, que já devia ter perdido X e que se perder Y por semana, chego a Z no final do mês. É ridículo. Não estou a juntar dinheiro para comprar um objecto qualquer, estou a tentar viver de forma saudável e isso acontece agora, se eu me permitir.

Enfim, falar é fácil. Mas foi esta a conclusão a que cheguei hoje, depois de chorar e de me debater com tudo isto. 

É um passo válido e isso já me faz sentir melhor. 

Obrigada por tudo, de coração.

D.