domingo, 24 de junho de 2012

Admitir Defeitos

Parte da minha transformação, passa essencialmente na percepção que tenho de mim mesma. Andei anos a insistir que o melhor caminho para me amar mais seria começar pelo meu corpo, peso, aparência. Realmente consegui em tempos perder 18kg, mas nem aí eu gostava do que via, aliás, não ia parar até chegar a um peso qualquer que me parecia politicamente correcto para uma "pessoa magra". Claro que, tendo em conta que tenho uma estrutura larga e pesada, o meu organismo complicou as coisas a partir dos 66 kg, porque era basicamente o peso ideal para os meus 169 cm. A minha cara estava já bastante magra, tinha uma figura elegante, vestia o 38/40 (porque tenho ossos bastante largos na zona das ancas) mas a cintura bastante adelgada e de lado não se via estômago nenhum, mas na minha cabeça ainda não tinha chegado 'lá'. Naturalmente ao fim de muito esforço sem resultados ou poucos resultados, desmotivei-me e engordei aos poucos. Passados 6 meses emagreci novamente apenas até aos 69, depois voltei a engordar, não me contrataram depois do estágio, quando estava finalmente na minha primeira casa, vi-me sem trabalho e com renda para pagar, tive de andar à deriva e em trabalhos instáveis, engordei, engordei. Perdia 4 ou 5 kg, voltava a engordar. Comecei a entrar numa espécie de depressão, em parte por causa da tal casa antiga que criou muitos problemas, meti na cabeça que tinha de arranjar uma casa nova, que não fosse húmida e que não tivesse invasões de formigas, onde pudesse respirar e com espaço. Encontrei esta casa, comecei este blogue e surgiu o meu actual emprego, mas "estranhamente", continuei a engordar apesar dos 2, 3 kgs que emagreci de tempos a tempos, 1 passo à frente, 3 atrás, saldo sempre negativo.
Hoje em dia nos 84kg, daria tudo para me sentir tão saudável como me sentia aos 72, 73 naqueles tempos em que achava que nunca ia sair dos '7's' e que estava mal assim ainda..Não consigo entender como pude estar tão cega. Mas em parte é assim que aprendemos, andamos meses, anos em círculos em volta da mesma "certeza" que pensamos ter em relação a determinada situação na nossa vida, até um dia por alguma razão, ponderarmos parar, por mais louco que pareça. E seguir um caminho diferente.

O meu caminho novo é interior. Finalmente, alguns gritam. Mas este também tem uma estrada muito irregular, tem sido muito complicado gerir a ansiedade e aceitar os meus defeitos. Acho que até é mais difícil admiti-los, no entanto hoje venho escrever-vos sobre eles:

- Sou preguiçosa, não sou nada activa depois de acordar, limpo, lavo e cozinho porque tem de ser. Se bem que cozinhar já é algo que conciliado com alguns dias em que estou bem disposta, me é bastante agradável, especialmente na parte de experimentar coisas novas. Mas na parte rotineira de arranjar comida para a semana, sou horrivelmente preguiçosa e repito as refeições mais básicas possível até à exaustão.
- Adoro comer a ver tv simultaneamente
- Tenho tiques nervosos que aumentam de intensidade consoante a fase de ansiedade em que estou: tirar peles dos calcanhares, dos lábios e retirar com os dedos a parte das unhas que lascam, em vez de limar. Estes talvez sejam os mais difíceis de admitir, tenho imensa vergonha, pensei em apagar este parágrafo várias vezes, mas tem de ser.
- Sou demasiado orgulhosa e detesto admitir derrotas, talvez as piores experiências tenham sido por exemplo, ser despedida. Já fui despedida 3 vezes e apesar de saber que das três vezes a razão era alheia a mim, ou pela empresa estar em maus lençóis, já ter despedido mais pessoas ou porque havia uma pessoa com mais experiência interessada no meu cargo e mesmo ordenado que eu - coisas não controláveis no momento por mim - ainda assim, procurei profundamente soluções que podia ter arranjado, coisas que devia ter melhorado para que fosse mais "essencial" naquele sítio. Por vezes até me esquecia que se calhar aqueles sítios não eram assim tão bons para mim, era muito complicado ver o lado positivo de tudo.
- Talvez o pior defeito seja dar-me pouca importância, não ver o que valho em diversos momentos-chave. Olhar para o espelho com a perspectiva errada, esconder-me porque acho que não consigo enfrentar este ou aquela com este peso. Achar que a aparência é a única forma que permite que as pessoas queiram conhecer o que realmente sou. Pensar várias vezes e às vezes até mandar piadas ao meu namorado. Por exemplo que eventualmente a rapariga que ele realmente quer e que não come quando está mal e que não é instável, há de surgir e por isso, é melhor não comprarmos a tábua dos legumes a meias, porque depois temos de a cortar ao meio quando ele se for embora. Só me apercebo das barbaridades que digo no fim, depois de ele me abraçar e de me pedir para não dizer parvoíces. Para quem se preocupa tanto com a sua aparência, estou a mostrar um lado muito negro que ele podia perfeitamente não querer ter de lidar... e com razão. Eu se calhar não aturaria isso.

Pronto, este é um post longo mas pelo menos tentei despir-me de complexos e ser honesta. Quero ainda dizer-vos que estou a tentar ter mais cuidado e que acima de tudo, além da comida, ou mais importante que a comida, vou trabalhar nestes defeitos feios, começando por aceitá-los. Podem não desaparecer, mas também não têm de fazer sombra às minhas qualidades. Uma coisa é certa, posso ter engordado bastante durante o ano lectivo de 2011/2012, mas neste ano lectivo de 2012/2013, as coisas podem inverter-se. Aliás, tendências somos nós que as criamos e que as extinguimos também.

A transformação continua em curso.

Bjs



6 comentários:

  1. Ola, o passo mais importante esta dado:reconhecer os nossos vícios, medos...adorei ler-te e identifiquei-me com tantas palavras, tantos sentimentos quedeixas transparecer nas tuas palavras. Vou seguir-te atentamente. Se quiseres vem visitar- me ao meu blog. Beijinhos e coragem, flor

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  2. Sabes, há um tempo atrás vi num blog uma frase do Fernando Pessoa que me inspirou tanto que a pus no meu blog: “Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre à margem de nós mesmos.”

    E realmente é verdade: queremos que os resultados sejam diferentes com as mesmas ações. E isso não funciona, claro.

    Este post que li parece-me que te despiste mesmo não para nós, mas para ti própria. E agora que tens aqui um texto cheio de defeitos, podes ter uma perceção melhor de como os podes melhorar.

    Tão importante como os defeitos, deves fazer um texto com as tuas qualidades. Porque eu também sabia muito bem apontar os meur defeitos e erros, mas não conseguia aceitar as minhas qualidades. E aí começa a mudança inside-out. Tens de gostar de ti e para isso tens de reconhecer ambas as coisas e valorizar-te, só assim funciona, porque o problema nunca é o peso. Isso é simplesmente o que nós conseguimos controlar. Beijo

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  3. Olá Dany :)

    Concordo com a Sweet 68. Acho que mais do que escrever o post para nós, o fizeste para ti própria. Tens vindo constantemente a percorrer o caminho do autoconhecimento, e acredita que nesse caminho não há sentidos proibidos ou estradas erradas ;) Tu já sabes o que podes melhorar, por isso agora trata de descobrir como fazê-lo ;)

    Beijinhos, tem uma óptima semana e muito boa sorte :D

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  4. falas te tufo ! e só o facto de teres apontado estes pontos fracos a ti própria é uma grande vitória acredita, agora rapariga, pega em cada um deles e trabalha para melhorar ! só tu podes te salvar ! e tu és capaz ! a preguiça vai embora logo logo que começares a sentir e ver resultados, acredita ! :P

    beijo e boa semana

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  5. É tão tão importante conseguirmos identificar os nossos próprios defeitos e estarmos dispostos a mudá-los!
    A sério, o primeiro passo já está dado!
    Todos os dias tenta tomar uma decisão que vá no sentido de te tornares naquilo que queres ser!
    Qualquer passo, qualquer pequeno passo, é importante!
    :)
    beijinhos

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  6. é muito difícil enumerar os nossos defeitos, mas tu conseguiste, agora é lutar noutro sentido, muita força...

    beijos

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