quarta-feira, 30 de maio de 2012

Do "clique"

Nem sei bem por onde começar. Na realidade a vontade é apagar todos os posts que fiz até hoje e começar numa página em branco, mas a vida não vem com borracha e é escrita com tinta permanente. Felizmente sei que não me vão julgar ou, pelo menos, julgar mais do que me julguei a mim nos últimos dias/semanas.
Repentinamente precisei de me afastar completamente de quase tudo, para encontrar as razões para alguns dos meus problemas "fixos". Deixei-me ir, deixei-me sentir e pensar em coisas e locais que nunca visito na minha consciência. Infelizmente descobri que a minha auto-estima está mesmo nos seus piores dias e que tinha de fazer alguma coisa para recuperar o mínimo de amor próprio para continuar em frente sem me enganar mais. 

O "clique"  que muitas vezes se fala, não é necessariamente um 'txaran!' de esperança e entusiasmo e súbita hiperactividade. Frequentemente surge num momento mais negro do que podíamos imaginar, em que se constatam situações graves dentro de nós, pode simplesmente ser um grito de revolta. A melhor parte é que o caminho daí, é sempre para cima.

O meu 'clique' resultou em algumas conclusões:

O primeiro passo é parar de me julgar. Sim, falhei de novo e engordei...e? Sim, podem haver pessoas com a expectativa alta em relação à minha perda de peso, como os meus pais e o meu namorado, mas nada disso implica que tenha de me crucificar a cada pequeno deslize, ou que me aterrorize cada vez que me parece que posso não ser aceite com todas estas "cicatrizes" e fraquezas. A preocupação deles é a minha saúde e isso também não significa que me vejam como uma pessoa com uma adição grave. Tenho de parar de criar filmes na minha cabeça de coisas que não estão a acontecer, porque pura e simplesmente vou provocar danos colaterais semelhantes ao que eu mais receio, só porque me destruo a imaginá-lo.

O segundo passo é tratar de mim, ter atenção à minha aparência de mim para mim. Roupa, maquilhagem, cabelo, pele, unhas. Tudo isso já está em processo. Preciso só do meu querido reembolso do IRS que ainda não apareceu, para poder fazer umas compras estratégicas.

O terceiro passo é sair mais, conversar, investir nos meus amigos, mimá-los, ouvi-los e sair do meu casulo. Experimentar coisas novas, como sushi. Ir à praia, ir a um bar, ir ao cinema. Participar, tomar iniciativa.

O quarto passo é investir no exercício, por isso acabei por mudar de ginásio para resolver o problema do estacionamento. Neste já tenho estacionamento gratuito e as condições que preciso.

O quinto passo é criar uma nova relação com a comida, que seja pacífica e terra-a-terra. Criar tácticas para separar o que é comer por necessidade e o que é comer emocionalmente. Ser pragmática em relação a possíveis deslizes, tentar geri-los enquanto aconteçam e tentar criar uma ponte com a realidade sempre que puder. Apetece-me um pedaço disto ou tudo o que puder encontrar? Começo por comer um pedaço e verifico a minha reacção, se a reacção se mostrar oficialmente auto-destrutiva, tentar aplicar alternativas para canalizar todo o mau-estar e não comer mais. 

O sexto passo é criar uma nova relação com o processo de emagrecimento e não fazer do mesmo mais uma fonte de ansiedade. Perca o que perder, com que velocidade for, só tenho de dar um passo de cada vez e concentrar-me apenas no passo seguinte, não na meta final (que muitas vezes é mutável).

O sétimo passo é proporcionar-me mais prazer, porque o prazer não está só na comida nem nas manhãs inteiras a ver séries e imóvel, também não está apenas no sexo. Levantar-me e ir ao parque ler debaixo das árvores, tentar procurar um workshop útil que coincida com as minhas horas livres. Ficar 10 minutos deitada no banho turco. Organizar a minha casa ao meu ritmo. Levar a minha mãe às compras. Procurar música nova, pintar as unhas dos pés. Meditar debaixo da luz do sol da manhã. Planear viagens. Inventar e adaptar receitas. Escrever as minhas listas intermináveis, porque o prazer não está só em cumpri-las mas também no processo de ideias encadeadas ao fazê-las. Escrever notas soltas, nem que seja aqui para vocês.

Assumo o compromisso comigo mesma de parar imediatamente, sempre que comece a pressionar-me de alguma maneira, respirar fundo e voltar para dentro de mim, em paz.




Beijinho

10 comentários:

  1. entendo-te muuuuito bem!!!
    mesmo.
    e chego á conclusão que somos as primeiras a nos julgar, e a julgar que os outros nos julgão, e depois eles acabam por o fazer.

    Mas para fazer mudanças temos mesmo de estar disponíveis para elas, porque se nao elas custam, só vão a ferros, e não sao taõ bem feitas à pressão e estragamos mais as coisas

    go with the flow :)

    Beijinhos grandes e vamos com calma e bem, porque isto é uma aprendizagem!

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  2. Olá

    Revejo-me em cada linha e em cada palavra. A Ema antes de 26 de janeiro que começou 1000 dietas em que talvez tenha perdido 50 Kgs, 3 umas vezes (imensas vezes), 5 de outras, 10 de outra (foi o máximo). O clique deu-se nesse dia numa simples conversa e até hoje perdi cerca de 14 kgs. Estou outra acredita!

    Os primeiros tempos são difíceis, tive dias em que me apetecia subir as paredes, depois tudo estabilizou e hoje é rotina, e apesar de ainda ter 78Kgs sinto-me muito bem e muito feliz. Pode parecer ridículo mas até comecei a conversar mais. Aprecio os alimentos de outra forma, sinto-lhe o sabor...e redescobri que adoro correr como quando era pequenita. Bebo litros de agua e estou a conseguir. Eu escrevi em alguns lugares a seguinte frase:
    Ninguem pode voltar e fazer um novo começo, mas podemos começar agora e fazer um novo fim...

    Começa agora e conta comigo para te apoiar no que puder!

    Beijinhos

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    1. O teu exemplo é definitivamente inspirador e orgulho-me imenso, mesmo apesar de não te conhecer! Eu sei que ainda tenho uma hipótese de escrever esse fim e não vou desistir :)

      Obrigada *

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  3. Olá Dany!

    Espero que não leves a mal isto que te vou dizer, mas não achas que o teu problema é tentares mudar a tua vida de repente? Ou seja, a ideia que dá (pode não corresponder à verdade) é que de repente decides mudar toda a tua vida em todos os aspectos, e acho que é por isso que acabas por não conseguir: porque eventualmente não consegues e tens um pequeno deslize e ficas desmotivada e frustrada e desistes. Não achas que seria melhor fazer tudo com calma, devagarinho e sem exigires assim tanto de ti própria?

    Espero que não leves a mal o que te digo, mas eu acho que podias mesmo ficar mais relaxada se não estivesses constantemente a querer fazer mudanças drásticas na tua vida ;)

    Como está a tua mãe?

    Beijinhos!

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    1. Olá linda, mil obrigadas pela tua opinião. Conta muito! :) Sei que já gastei o meu latim várias vezes em posts intermináveis com promessas de mudanças radicais de estilo de vida. Mas neste momento não é o caso, só quero parar as minhas 'auto-flagelações' físicas e emocionais e fazer aquilo que EU GOSTO. Parar de me privar daquilo que gosto de fazer, de vestir, das pessoas com quem quero estar, por achar simplesmente que não mereço ou que ainda não estou "magra" o suficiente. É apenas isso que quero mudar na minha vida, parar de me prejudicar e viver um dia de cada vez sem pressões. Tudo isto por si só é um verdadeiro desafio, ainda assim, com os seus altos e baixos. Mas as minhas expectativas medem.se apenas por degraus individuais. Neste momento o que espero de mim apenas, é que consiga voltar a gostar de mim - o resto é lucro. Beijinhos :) *

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    2. Desculpa, esqueci-me de responder em relação à minha mãe aparentemente está tudo ok. Ela tem a tal consulta na próxima semana, veremos como corre :) Obrigada! * beso

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  4. Nem mais, levar tudo com calma, leve o tempo que levar, e um passo de cada vez :)
    E gostei especialmente do último parágrafo! A felicidade está nas pequenas coisas :)
    I believe in you!*

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    1. Tk you :) * Já sabes o que acho tb em relação a ti ;)

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  5. Olá não te conheço pessoalmente mas tenho-te acompanhado há já algum tempo por isso queria apenas dizer-te para teres força para continuares, sem pressão e muito menos sem te julgares...escorregadelas haverão muitas, mas acredita que chegas lá.

    Beijinho

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