quarta-feira, 10 de abril de 2013

Parte II - O estilhaçar de um coração

Acho que ainda não sei se consigo escrever sobre isto, mas vou tentar...

Como sabem, em Agosto a minha relação de 4 anos tinha praticamente terminado, felizmente por motivos pessoais de cada um e não por termos feito mal um ao outro. Porque nos amávamos (e ainda nos amamos), em Novembro decidimos não fugir um do outro e tentar resolver os nossos problemas estando mais próximos e com apoio mútuo. No entanto, a partir de Janeiro comecei a perceber que estava outra vez a deixar-me ficar submersa nos problemas familiares dele e a deixar-me, novamente, para trás. A meio Fevereiro comecei a entrar numa espécie de depressão, porque me sentia presa a tudo, ao meu trabalho que na altura ainda estava muito instável, à casa dos meus pais... e a ele, sem que isso pudesse trazer-me nada de bom, por mais que soubesse que ele me amava. Em Março lutei contra este sentimento, mas continuava a sentir que não havia espaço para mim numa vida tão atribulada como a dele... E as minhas mãos atadas, porque não podia ajudá-lo, não podia decidir por ele a sua própria revolta contra as injustiças e os traumas impostos pelos pais e contra uma vida que não era vivida. Como é que eu o poderia fazer feliz se ele achava que não poderia ser enquanto não deixasse a família fora de perigo? Se ele não percebia que a responsabilidade sobre todos os problemas era dos pais e das suas decisões...e  não dele? Como fazê-lo perceber que ele estava simplesmente a alimentar um processo que lhe rouba a vida e o manipula durante décadas...? Não podia fazer mais nada.

Ele é o meu sonho, a melhor pessoa que eu conheço, definitivamente com quem queria ficar e com quem tinha um projecto especial. Ele continua a ser quem eu amo e com quem quero partilhar tudo, com quem quero ter filhos... Mas não tenho mais forças para adiar a minha vida ao mesmo ritmo que ele adia a dele.

No início deste mês, Abril, o nosso mês, o mês em que fazemos 5 anos, decidi (e no fundo, ele também.. porque viu o estado em que eu estava) que era melhor separar-nos. Mas as dúvidas continuam a consumir-me e o medo de me arrepender, que se calhar devia mesmo ter ido até ao fim, até não haver mais uma gota de esperança. Mas tento pensar que isso seria mais uma forma de lhe fazer mal, além do mal que ele já faz a si mesmo. A decisão é dele e eu sei o sofrimento em que ele está e o processo longo que tem de atravessar. O meu desejo mais profundo era que ele acordasse um dia e percebesse que merece ter uma vida e libertar-se da culpa que carrega, que é uma pessoa individual capaz de amar e fazer outra pessoa feliz, que tem direito a uma família. Que surgisse aqui à minha porta e assumisse esta relação e o controlo sobre a sua vida.

Confesso que parte de mim ainda está em negação, acho que isto pode ser tudo temporário e que ele não vai deixar que isto aconteça. A outra parte de mim teme o pior e enraivece-se contra Deus ou quem quer que seja que torna tudo impossível. Por vezes questiono tudo, quando duas pessoas que se amam, não podem ser felizes... o que é que afinal posso desejar, quando o que mais quero é impossível de concretizar? Não é justo depois de 5 anos a lutar... Não sei lidar com isto, não consigo dormir nem parar a minha cabeça quando já não há nada que me distraia, tudo o que há em mim... é ele.


3 comentários:

  1. olá!
    Sou uma pessoa muito sentimental e emocionei-me ao ler o que escreveste. A tua forma de descrever a situação é tão sentida que deste lado dá para sentir o que estás a passar... Eu percebo o que estas a passar, mas tens de ser forte, embora o coração seja fraco e esteja sempre à espera da mensagem, do telefonema e sei que vais na rua ou na estrada e vais sempre atenta a todos os carros para ver se é a matrícula do carro dele, ou se o encontras pelo caminho... É muito complicado e doloroso porque sabemos que ali está a felicidade, ou então não!
    Já te deste uma chance a ti mesma? Já pensaste que se calhar está na altura de levantar a cabeça como já o fizeste? Já deixaste tantas coisas para tras e com algum pesar, certamente, se calhar devias fazer o mesmo nesta situação e começares a amar-te e a cuidar de ti...
    Uma coisa que sempre me disseram " o que é teu a ti irá retornar"! Vive a tua vida e se ele for a tal pessoa, vai regressar, tenho a certeza!

    Um grande beijinho e um abraço muito apertado


    Patrícia (ou poka)

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  2. Um beijinho bem forte para ti com muito carinho...

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  3. Oie Querida.
    Realmente é para enraivar-se. Pois é injusto depois de tanto tempo, 05 anos não são 05 dias, é uma vida. É muito complicado, pois não conseguimos "desligar-se" da pessoa assim, no psicar de olhos.

    Agora para ele acordar e ver que a familia o sufoca, é complicado! Como vc disse ele é uma excelente pessoa, provavelmente sim, para apegar ademais a familia, a ponto de esquecer, que tem uma vida e precisa, construir a sua é complicado viu!?

    Eu digo, isto, pois o meu esposo, no começo do nosso relacionamento, era quase impossível, não "sufocar-se" com os problemas da familia dele, e mais... era complicado, pois é uma família, hiper protetora, e não somente a mãe, dele, tem as duas tias, que o criou, e mora na mesma casa... e são como mãe para ele, por isso , que eu sempre disse que tinha três sogras! Mas bem... foi anos dificieis, que eu quase desistir não pq não amava, mas não suportava a situação, que a familia dele o sugava... ele não percebia, achava, que era culpado por todos os problemas de lá... hoje ainda temos uns estresses devido a isto, pois mesmo depois de 10anos juntos (contando namoro, noivado e casamento) ele ainda deixa se sufocar. É horrível viu?!

    Agora fico muito triste por ti, pois como vc mesma disse, tinha e tem né? Projetos especiais para realizar com ele, e sabe que o ama, sabe que ele é a pessoa que vc gostaria de ter ao seu lado... isto Dany, é de ficar muito triste... pois ficarmos a perguntar: O pq de tudo isto?!
    Parece que toda gente, estar bem, e nós nunca encontramos o caminho... a saída... para chegarmos o que desejamos, a nossa felicidade.

    Amorii, espero do fundo do coração, que realmente, vc's voltem, e que ele, talvez perceba, que tem que construir uma família, além da que já tem, a que já nasceu, espero que ele perceba, que um dia, a familia, vai... e que uma dia esta familia, que o sufoca tanto, construiu a dela .... e agora estar a sufocar a ele a construir a dele.

    Abraços.
    Lia*

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